domingo, 16 de setembro de 2007

Fechada em ti própria

Escondes-te no meio dos arvoredos, florestas malditas, amaldiçoadas pelo seu criador por tua passagem, pés imundos de pecado que atravessam esta terra levando a dor às mulheres, lágrimas aos seus filhos que anseiam por um vida limpa e segura, desaparecendo de cada casa, cada habitação erguida pelas tuas mãos e mente pecaminosas, cada sombra, cada canto preenchido pela sujidade que surgiu do teu trabalho sujo, mortes de humanos que caminhavam e absorviam a luz do Sol nascente e que libertavam a energia negra para a lua sana escondida no meio das estrelas. Todo o sangue que foi derramado, toda aquela dor que me fizeste lembrar, todos aqueles sonhos em que apareceste a morrer, causaste todos os falsos sorrisos, nunca permitindo um verdadeiro, nunca querendo uma verdadeira felicidade, mais que um estado de mente, um sentimento vindo da alma.
Procuras o conforto na escuridão ou apenas a solidão que se arrasta ao longo dos anos para a tua mente, que te engana a pensar que tens o poder que sempre desejaste, a força que nunca tiveste. Sentes-te abandonada, choras por algo que perdeste mas nada dizes, a ninguém confias essa tua dor infernal e eterna, nem tentas comunicar com a tua alma aprisionada no interior desse perfeito corpo, esculpido por dois deuses inspirados pelas estrelas que agora brilham nos teus olhos. Mostras-me o sangue que foi derramado por ti com orgulho espalhado pela tua face, sangue derramado pelo teu amor, dor terminada na mente dos sacrificados, mercenários enviados por ordens da tua insanidade, isto porque procuras aquilo que não encontras. Fechada em ti própria, como podes viver?

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