segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Muro de rosas

Espeta umas faca no meu coração negro e retira-o, fá-lo sangrar, sangrar profundamente lágrimas de sangue por ti. Mudas a minha mentalidade para me fazer sofrer, não queres quebrar a corrente, não queres deixar essa prisão que te tormenta constantemente. Perdeste as palavras algures num canto da tua mente mas ainda as procuras na escuridão, não vendo a luz no fim do túnel que tento ser. Cega e imune a todas as tentativas de encanto e engano, vendo o mar nesse olhos azuis e profundos, revelando a tua alma, a verdade escondida por trás desse muro morto. Mas ainda me afastas, recusas algo mais, melhor, um diferença construída pela distância. Uma paixão que murchou pelo tempo e pelas palavras escondidas pela tua face, deixando-me sem palavras mas nunca me permitindo chorar. Não me tiras de mim, não me fazes ser alguém que não sou mas começo a pensar que é isso que te afasta. Durante meses construí um muro por fora do meu coração, decorado com rosas pretas com espinhos afiados, trepadeiras que reforçavam a força do muro. Mas depois vieste tu e deitaste o muro outra vez para me magoar da mesma maneira. Porquê?
O medo veio, o medo foi-se embora. Depois o medo voltou contigo e causaste aquilo que o medo continha. Contigo veio o vento gélido com as folhas mortas e cortantes de Outono que me cegaram. Agora caminho na escuridão por tudo o que me fizeste dizer e tudo o que me obrigaste a fazer inconscientemente e por nada. Causa perdida nas tuas mãos, presa algures no tempo e espaço distorcido e perverso, constantemente a pregar partidas. Não falta tempo, não falta desculpas, apenas falta a chuva para permitir as lágrimas correrem. Construirei outra vez o muro para nunca mais cair no erro de o deixar destruir. Nem por ti, nem por outra pessoa, nem por mim próprio.

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