sábado, 1 de setembro de 2007

Feitiço maldito

Percorrendo estas terras amaldiçoadas com o peso do tempo,
Espaços outrora verdes, agora transformados em algo metálico,
Grãos de areia que noutros tempos teriam sido levados pelo vento,
Agora transformados em vidro onde me olho com um sorriso sádico.

Por trás desta máscara feita de barro e ilusão,
Encontra-se o conforto trazido pela escuridão,
Alimentando-me da mentira por ti criada,
Deixo esta criança interior ser levada.

Bate-me e traz-me à vida,
Lembra-me do que é para ti essencial,
Sempre o regresso mas nunca a ida,
Algo que não se encaixa exactamente naquilo que é considerado real.

Trazes-me mentiras e ilusões,
Memórias dolorosas do passado,
Enquanto eu fico no meio da rua a leva empurrões,
Pelo pecado do espírito não lavado.

Procuro a escapatória ao teu feitiço maldito,
Sentado na entrada do teu prédio feita de mármore,
Onde nenhum gesto foi por nós trocado mas sim lido,
Desejando descansar ao pé de ti à sombra de uma árvore.

Porque continuas a manter-me cego,
Fraco e preso ao teu amor,
Não passo de um aleijado,
Que apenas procura o teu conforto na sua dor.

Mas que conforto é o teu,
Quando é tu que me trazes dor,
Não serás tu a levar-me ao céu,
Mas foste tu que me trouxeste do reino do calor.

Deitas-te sobre a minha campa,
Aquela que construis-te com as tuas maldades,
Deixaste-me morrer coberto de lama,
Devido às tuas falsidades.

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