domingo, 18 de março de 2007

Prisioneiro

Desperto para mais um dia de sofrimento. Acordo com a noção de que não estás aqui comigo. Mas também acordo com o conhecimento de que este dia irá ser diferente de todos os outros dias porque nós falámos, comunicámos e combinámos ver-nos em breve. Toda a felicidade do mundo chega a mim nos momentos em que falamos. Todo o sofrimento que é a minha vida desaparece com uma facilidade inigualável quando estou contigo. Parece que a minha alma encontrou finalmente um sítio onde descansar. Mas ainda assim choro. Choro porque são raras as vezes em que tenho o prazer de estar contigo. Choro porque sei que nesta pausa de trabalho a que chamamos férias, tu vais estar ainda mais longe de mim. Longe de mim fisicamente porque estarás para todo o sempre no meu coração.
Não sou pessoa de lamechismos ou de contos de amores sem fim. Sou uma pessoa que se adaptou a todo o sofrimento do mundo e, aos poucos, se vai transformando num demónio. A minha alma, condenada ao Inferno, anseia por ti. A tua beleza eleva o meu espírito até às nuvens. Transformas-te-me por momentos em algo que não sou mas fizeste-me acordar deste pesadelo, conseguis-te fazer com que voltasse à minha antiga pessoa, rígida e desprovida de sentimentos que agora consegue sentir. Por isso a ti te agradeço e a ti te venero, minha linda deusa. Musa dos meus sonhos e dona da minha alma, não tires de mim aquilo que sou hoje.
Sinto-me a desfalecer. Sempre me senti assim mas agora mais do que nunca. Mas tu salvas-me, como sempre o fizeste. Mas a minha alma aos poucos desaparece, consumida por chamas vindas do Inferno, a lembrar-me que é para lá que me dirijo e que é para lá que o meu desejo indica. Tu tiras-me da teia de sofrimento, onde estou enrolado por todas as pessoas que me fizeram sofrer ao longo da minha dolorosa vida. Sinto-me a desfalecer nos teus braços agora e a minha alma persegue o sentimento de vastidão no caminho para o meu destino.
Como uma borboleta, tu levas felicidade a todos os sítios por onde passas. Mas aqueles sítios que abandonas, mais tarde ou mais cedo, o caos reina e a destruição em massa toma controla das mentes mais fracas. A vastidão do tempo limpa-me as memórias de tempos passados, mas as tuas memórias ainda estão vivas dentro de mim, como uma fogo que arde na chuva, como uma luz na escuridão, como um borboleta numa teia de aranha.

Prisioneiro do teu amor,
Viciado na dor,
Na noite eu sinto o ardor,
Daquele que segue o caminho do caos

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