Choro porque me forço a chorar, amo porque tu me fazes sentir assim e sofro porque não sentes o que sinto. Por cada dia que passa eu penso que estou a um passo de ti e de finalmente ser o que tu és para mim, mas no dia seguinte vejo-te com outra pessoa que me faz parecer apenas mais uma formiga no teu viveiro, mais uma mosca na tua teia, mais um tolo enlaçado pelo teu encanto e que não consegue escapar. Vivo apenas para dizer que vivi mas a verdade é que sofro e, aos poucos, morro e deixo-me para trás.
A minha alma, quase morta, luta para superar a dor que me trazes e tenta apanhar aqueles bocados de felicidade que me dás. Ela sussurra ao vento que sofre mas nada diz ao Sol quando o seu calor chega frio como o gelo de Inverno. Sussurra ao vento que apenas a tua alma lhe trás calor, até nos dias mais frios que passo na rua, até nos dias de calor de Verão e até nos dias de Primavera que trás o vento, seu amigo e confiante, e que deixa o aroma de flores no ar. Quase morta, a minha alma luta.
Passa por mim uma leve brisa que anuncia a chegada da Primavera às terras dos perdidos, onde descanso com os meus olhos a verem o nada e o nada a ver a cor castanha dos meus olhos. Como uma faca, uma folha corta-me no braço, cheio de cicatrizes, e eu, parado, apenas me rio enquanto que as pessoas na rua olham, chocadas e amedontradas, porque não sou politicamente correcto e socialmente demente. Sinto o meu sangue a escorrer pelo meu braço e, com esse mesmo braço, apanho a folha que me cortou e, sem pensar, aperto-a como num gesto de carinho e sussurro um agradecimento pela dor que me deu. Nunca mais olhar par trás, onde a folha esmagada, agora em mil pedaços, dança com o vento alegremente.
Porque és dor,
Porque és amor,
Porque és o que traz dor.
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