Vejo os seus olhos penetrantes a olharem para mim, como que a pedir algo que eu tenho, e a tentar hipnotizar-me para lhe dar o objecto pelo qual ele suplica.Vejo o seu pêlo dourado a brilhar conforme a luz do Sol incide sobre ele. Talvez por medo, talvez por companhia, ele segue-me por toda a parte da casa, observando todos os meus movimentos até que nota algo que lhe interessa. Não me deixa dormir até tarde com o seu ladrar constante, não me deixa vestir pelo seu interesse por tudo o que lhe é novo, faz-me companhia até à mínima viajem do meu quarto à cozinha. Segue-me o seu olhar, que sinto a queimar-me na nuca, sinto que ele me tenta controlar para lhe dar o que ele tanto deseja. Não sabe ele o poder que contenho por dentro, o suficiente para não me deixar controlar por latidos ou pedidos constantes de coisas que não são dele.
Vejo o seu focinho encostado à minha perna, mais uma vez pedindo algo que não lhe pertence. Não existe nada que ele possa fazer para me mudar a mente. Não lhe pertence, não lhe dou. Mas saímos. Deixo-o correr por entre árvores e arbustos até não o ver. Aí chamo-o outra vez e vejo-o a correr a grande velocidade na minha direcção com um claro sorriso no seu focinho. Parece uma raposa. Uma raposa dourada e sagrada que viverá para sempre. Mais vivo do que tudo à sua volta, ele corre. Voltamos a casa e nada que ele possa fazer para não se sentir cansado. Sente-se vivo. É bom. Saberei que estará cá mais tempo que o cão antes adorado, Thor. Chegaram a conhecer-se e Calígula, ainda muito jovem e energético, arranjava sempre maneira de fazer o experiente e poderoso Thor mostrar-lhe o que era lutar. Mas não agora. Thor partiu e Calígula está cá para ficar. Calígula, o cão ou raposa, com o seu pêlo dourado e medo segue-me por todo o lado. Deixo nele a memória de Thor.
1 comentário:
Gostei de relembrar os Calígula nas tuas palavras.
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