quinta-feira, 26 de julho de 2007

Nível de justiça - capítulo Um

Vejo no horizonte um levantamento de poeira, causado pela passagem dos cavalos dos cavaleiros do Inferno. A poeira dissipa-se e tudo o que resta na passagem dos cavalos é caos e morte, suicídios em massa e adorações a falsos deuses em troca de sobrevivência a este pesadelo. Pessoas nos seus joelhos a rezarem enquanto que os cavaleiros, nos seus cavalos, cortam-lhes as cabeças. O terror nos olhos das pequenas crianças enquanto que olham para os seus pais, conhecidos e amigos a serem mortos sem o mínimo remorso. Mas como dizem, remorso é para os mortos. Significará isso que os cavaleiros estão vivos? Afasto estas questões da cabeça e ponho-me a correr em direcção dos cavaleiros. Isto conduzirá a uma de duas coisas: morte e destruição dos cavaleiros ou uma perseguição interminável até aos confins do Inferno. Mas sigo em frente com o máximo de velocidade que consigo atingir.
Vejo a menos de 500 metros as armaduras dos cavaleiros a brilharem assim que o Sol lhes bate. Até podia ser um obstáculo no combate a que me aproximo mas com toda esta poeira será muito improvável que eles me consigam cegar. E mesmo que o consigam, consigo sempre usar a minha audição de forma a matá-los. Muito sinceramente eles não têm hipóteses mas espero que tentem de forma a que os mate agora e que não os tenha de perseguir mais tarde. Ainda não se aperceberam da minha aproximação, o que me dá uma vantagem. Posso ainda exterminar um ou dois sem que eles se apercebam. Mas primeiro paro para os contar. São 8, de fraca força, portanto pouco inteligentes. Peões, membros dispensáveis do exército do Imperador. Como refugiado nas montanhas, sou procurado pela falsa lei do Imperador mas o que faço realmente é trazer justiça aos sítios que passo. Esta é apenas mais um missão de reconhecimento do Imperador acerca do seu reino. Nunca pensaria que ele faria isto aos seus supostos súbditos.
Iniciarei este combate e depressa o acabarei. Esqueço-me dos espectadores, mortos ou vivos, e deixo a minha raiva dominar o meu corpo. Pouco demorou a minha transformação. Assim que ataquei, assim matei. Trespassei os corpos dos cavaleiros e continuo o meu caminho. Apenas deixo para trás a mágoa e as lembranças que deixei nas mentes cicatrizadas das crianças inocentes. Alguma criança dali me perseguirá.

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