Tentativa de desenho:
E ele permanece sentado, no seu perfeito estado vegetal, movendo apenas o fluxo de pensamento no interior do seu cérebro morto ou congelado, imóvel e demasiado pesado para ser carregado. Os seus olhos permanecem vidrados mas ainda assim concentrados, com o mínimo de vida, a olhar para o mais além, olhar penetrante que atravessa paredes e pessoas, destrói mentes, pensamentos e vidas, nunca perdoando os erros ou pecados do passado das pessoas. A sua vida pertence a quem alguma vez se importar de tentar tirá-lo daquele estado morto, frio e completamente branco, mostrando vida apenas nos seus olhos, profundos, um túnel inacabado para uma alma perturbada e decadente.
Bom esta introdução não ficaria inovadora ou original se pusesse aqui a mesma história de sempre por isso resolvi por esta treta de toda de forma a que vocês acreditassem que isto é de facto mais um texto em que sinto maléfico e sarcástico. E, acima de tudo, aposto que vocês acreditaram. Continuando com a tentativa de ter piada, isto tendo em conta que a Kath não acha piada a estes tipos de textos que eu escrevo, hoje vim aqui falar de... coisas. Coisas, mais especificamente, que são coisas. Ora bem, e isto com a voz do Marcelo Rebelo de Sousa, vou começar por falar do amor. Portanto, e não falando metafóricamente, para mim o amor é uma ilusão psicológica, uma mensagem que se encontra no cérebro de forma a que acreditemos (neste caso, vocês acreditem) que estamos bem e que aquela pessoa é mais especial que as outras. Bom, é tudo mentira, isto porque, se de facto existe o amor, então está escondido atrás de uns arbustos a fazer uma orgia com a mentira, o pai natal e o coelhinho da Páscoa (eu sei a localização porque também já o fiz :p). Mas procura-se por todo o lado, até se afixam papéis nos postes de electricidade (referência a desenhos animados americanos) a dizer que se procura o tal cão ou gato. E esta última linha não tinha nada a ver com o texto. Seguindo em frente, o amor é como fumar, prejudica a saúde e diminui os anos de vida da pessoa e também enche os pulmões e cérebro de porcarias. No final de tudo, o amor é doloroso e é apenas comparável àquele último pedaço de dejectos que ficam presos no vosso orifício anal e insiste em não sair.
Escrevo esta carta para descontentamento geral, para dizer todas as coisas que te queria dizer mas não posso porque partiste para longe, deixando para trás imensas, talvez mesmo demasiadas, coisa, pessoas, sentimentos, projectos, sentimentos e memórias. Digo-te isto por aqui porque não te consegui dizer isto pessoalmente sem chorar, sendo que ambos sabemos que chorar nos torna mais fracos. Cresci como me ensinaste e agradeço todas as lições que me ensinaste, a bem ou a mal, mesmo quando o tempo estava pior e a tua cabeça não estava realmente lá. Sei que não pude, não sou nem nunca vou poder ser um dos teus grandes amigos pois eles estavam lá naquela noite e eles cresceram contigo. Não faço parte da tua infância, apenas da tua fase adulta. E sou mais o irmão de alguém que realmente amas, o que é raro, do que propriamente um dos melhores amigos que esteve lá com a mão no ombro quando choravas porque te doía o coração. Não compreendo as tuas motivações para certas coisas que fazes mas também é porque nunca cheguei à fase de ter a maturidade que tu tens. Simplesmente porque tenho menos doze anos que tu. Ainda posso não a ter, embora a deseje para ser algo mais para outros do que sou neste momento.